7 de dezembro de 2025
PolíciaSegurança

Conflito entre Indígenas e produtores rurais em Douradina atrai atenção nacional

O conflito entre produtores rurais e indígenas em Douradina, Mato Grosso do Sul, tem sido marcado por uma série de confrontos violentos. Neste último confronto, seis pessoas ficaram feridas em um novo embate na área de disputa fundiária conhecida como Panambi-Lagoa Rica. Entre os feridos, cinco são produtores rurais e uma é indígena.

A tensão na região aumentou desde o dia 13 de julho, quando um indígena foi baleado na perna por uma bala de borracha.

Os indígenas guarani kaiowá reivindicam a área como território ancestral, enquanto os produtores rurais alegam ser os proprietários legais da terra.

A situação tem atraído a atenção de diversas autoridades, incluindo a Força Nacional, a Polícia Militar e representantes do Ministério Público Federal, que estão tentando mediar o conflito e garantir a segurança na região.

O confronto mais recente começou na última sexta-feira (2). Segundo a Força Nacional, a tensão iniciou quando um mecânico ficou preso em um bloqueio indígena na região. Agentes foram acionados para intervir e segundo a Polícia Militar, o mecânico estava apenas perdido, a situação foi resolvida pacificamente.

No sábado (3), produtores rurais se reuniram e invadiram com caminhonetes o acampamento dos indígenas na área em disputa.

Segundo boletim de ocorrência, os fazendeiros disseram que um grupo entre 20 e 30 indígenas teriam ateado fogo em um monte de palha, as chamas se espalharam pela vegetação de uma propriedade rural. Ao ver o fogo, os produtores se reuniram para retirada dos indígenas.

Leia mais detalhes sobre as ações das autoridades e a história da disputa fundiária na região de Douradina.

As autoridades têm adotado várias medidas para tentar mediar o conflito e garantir a segurança na região:

Força Nacional: Foi enviada para a área para reforçar a segurança e evitar novos confrontos.

Polícia Militar: Está presente para manter a ordem e proteger tanto os indígenas quanto os produtores rurais.

Ministério Público Federal (MPF): Tem atuado como mediador, buscando soluções pacíficas e justas para ambas as partes. O MPF também está investigando as alegações de violência e abuso de poder.

História da Disputa Fundiária

A disputa fundiária em Douradina é complexa e tem raízes históricas profundas:

Território Ancestral: Os indígenas guarani kaiowá reivindicam a área de Panambi-Lagoa Rica como parte de seu território ancestral, onde seus antepassados viveram por gerações.

Propriedade Legal: Os produtores rurais, por outro lado, possuem documentos legais que comprovam a posse das terras, adquiridas ao longo dos anos.

Conflitos Recorrentes: A região tem sido palco de conflitos recorrentes, com episódios de violência e tensão entre as duas partes. A falta de uma solução definitiva tem perpetuado a instabilidade.

Mediação e Soluções

A busca por uma solução pacífica envolve:

Diálogo: Promover o diálogo entre indígenas e produtores rurais para encontrar um acordo que respeite os direitos de ambos.

Demarcação de Terras: A demarcação de terras indígenas é uma das possíveis soluções, mas enfrenta resistência e desafios legais.

Compensação: Em alguns casos, a compensação financeira ou a realocação de produtores rurais pode ser considerada para resolver a disputa.

Leia a nota do MPF na íntegra:

“O Ministério Público Federal (MPF) vai instaurar Inquérito Policial (IPL) para apurar eventuais infrações penais ocorridas durante o conflito entre indígenas Guarani Kaiowá e produtores rurais da região. Equipes do MPF foram até a comunidade indígena Panambi Lagoa Rica, no município de Douradina (MS), para coletar informações detalhadas sobre o ocorrido.

No local, o MPF conversou com as partes envolvidas – indígenas e produtores rurais – e realizou uma análise pericial na área, coletando projéteis, incluindo balas de borracha. O confronto, cujas circunstâncias ainda estão sendo apuradas, resultou em seis pessoas feridas, uma delas com gravidade. Entre os feridos, uma pessoa foi atingida por uma arma letal, possivelmente um revólver, cujo calibre está em processo de identificação.

Há relatos conflitantes sobre o incidente. Os indígenas afirmam que foram provocados pelos fazendeiros, enquanto os produtores rurais alegam que houve um avanço dos indígenas além da área previamente acordada.

A situação está sob controle, e o MPF espera que o governo federal intervenha para solucionar a questão da demarcação de terras, visando uma resolução pacífica e definitiva do conflito”.
Foto: Reprodução