7 de dezembro de 2025
Polícia

Mulher que deu golpe milionário para receber pensão do Exército fala em não se pronunciar sobre o caso

Ana Lucia Umbelina Galache de Souza, de 55 anos, foi condenada pela Justiça Militar em Mato Grosso do Sul por fraudar documentos e se passar por filha de um ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Entre 1988 e 2022, ela recebeu mais de R$3,7 milhões, um valor que agora será cobrado de volta. A mulher, que se apresentou como Ana Lucia Zarate, afirmou que não irá comentar o caso, alegando que as reportagens têm informações contraditórias.

A história de Ana Lucia começou quando ela tinha apenas 15 anos. Em um cartório de Campo Grande, ela foi registrada como filha de Vicente Zarate, um tio-avô que havia falecido em 1988. A partir desse novo registro, Ana Lucia conseguiu obter um novo Cadastro de Pessoa Física (CPF) e uma Carteira de Identidade com o sobrenome alterado, o que lhe permitiu reivindicar a pensão do ex-militar junto à Seção do Serviço de Inativos e Pensionistas (SSIP 9) do Exército. O pedido foi aceito e, desde então, ela recebeu a pensão integral como filha do Segundo Sargento.

A fraude, segundo a ação penal, foi realizada com a ajuda de sua avó, Conceição Galache, que teria fornecido os documentos falsificados. Ana Lucia confessou que o esquema veio à tona quando a avó exigiu uma parte do benefício, ameaçando denunciá-la. Conceição faleceu em maio de 2022 e não pôde ser ouvida durante as investigações.

Os detalhes sobre a verdadeira identidade de Ana Lucia revelam uma história de engano que se estendeu por três décadas. Embora ela tenha sido registrada como filha de Vicente Zarate, documentos obtidos pelo g1 MS indicam que Ana Lucia, na verdade, nasceu em Três Lagoas (MS), em 7 de junho de 1969, como filha de Silvestre Galache e Neuza Umbelina Galache.

Recentemente, Ana Lucia foi acusada de estelionato por se passar por uma dependente falsa do ex-combatente do Exército. O Tribunal de Contas da União (TCU) condenou-a a devolver R$3 milhões e impôs uma multa de R$1 milhão, que deve ser paga em 15 dias. Além disso, ela está suspensa por oito anos de ocupar qualquer cargo comissionado ou de confiança na Administração Pública.

A Defensoria Pública da União (DPU), que a representa, informou que está recorrendo da condenação e pediu a sua absolvição, alegando falta de provas concretas. A DPU argumenta que Ana Lucia não faz parte de uma organização criminosa e que a pena deve ser proporcional ao crime cometido, solicitando que ela permaneça em liberdade durante a análise do recurso.

O Exército Brasileiro, por sua vez, declarou que não comentará sobre decisões judiciais, reiterando seu compromisso de respeitar as instituições da República.

A história de Ana Lucia Umbelina Galache de Souza destaca questões complexas sobre identidade, fraude e as consequências legais de ações que se estendem por anos sem serem descobertas. O desfecho deste caso ainda está em aberto, enquanto o sistema judiciário continua a deliberar sobre os próximos passos.

Foto: Redes Sociais