Passando de R$ 21 mil para R$ 35 mil vereadores aprovam novo salário da prefeita de Campo Grande
Aprovado em regime de urgência o projeto de lei foi votado na Câmara de Vereadores na manhã de quinta-feira (24)
Os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, aprovaram na manhã desta quinta-feira, dia 24, um expressivo reajuste de 66,77% no salário da prefeita Adriane Lopes (PP). A medida, aprovada em regime de urgência, estabelece um aumento progressivo, elevando o salário da prefeita de R$ 21.263,62 para R$ 35.462,22 ao longo de três parcelas até 2027.
A proposta recebeu 22 votos a favor e apenas um contrário, sinalizando um amplo apoio da base aliada da prefeita. Segundo o texto do projeto de lei, 40% do reajuste já começará a ser aplicado em abril deste ano, enquanto os outros 35% serão concedidos em fevereiro de 2026. O último aumento está previsto para ser implementado em fevereiro de 2027.
Além do salário da prefeita, o reajuste também se estende à vice-prefeita Camila Nascimento (Avante), cujo novo salário passará a ser de R$ 31.915,80. Os secretários municipais e os dirigentes das autarquias terão seus salários fixados em R$ 30.142,70. O reajuste salarial é resultado de um acordo firmado entre as autoridades do Executivo e do Legislativo municipal.
De acordo com a legislação aprovada, a nova norma entrará em vigor na data de sua publicação, mas os efeitos financeiros retroagem ao dia 1º de abril de 2025, criando um impacto considerável nas finanças do município.
Impacto Financeiro
O impacto orçamentário para os cofres públicos devido ao reajuste nos próximos três anos é significativo. Em 2025, os gastos adicionais serão de R$ 32,8 milhões, crescendo para R$ 73 milhões em 2026 e alcançando R$ 95 milhões em 2027. Apesar do aumento expressivo, a prefeitura assegura que a despesa com folha de pagamento, em 2027, não ultrapassará 52,31% da arrecadação líquida do município. Isso é crucial, uma vez que a legislação vigente estabelece um teto de 54% para gastos com pessoal, visando garantir a saúde financeira da administração municipal.
Reajustes Anteriores e Questões Jurídicas
Vale lembrar que, em fevereiro deste ano, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul suspendeu um aumento de 97% no salário da prefeita Adriane Lopes, após a própria gestora ter apresentado um pedido de inconstitucionalidade. A decisão judicial destacou a falta de um estudo adequado de impacto orçamentário-financeiro, o que comprometeu a transparência e a responsabilidade na gestão fiscal do município. Essa aprovação ocorre em meio a um cenário em que os vereadores também já haviam aprovado um reajuste salarial significativo no início deste ano. Em janeiro, o salário dos vereadores passou de R$ 18,9 mil para R$ 26,1 mil, representando um aumento de 37%. A justificativa para esse incremento foi a necessidade de alinhar os salários dos parlamentares municipais com 75% do valor mensal recebido por deputados estaduais, que atualmente é de R$ 33.006,39. Com essa atualização, o novo salário dos vereadores corresponde a mais de 17 salários mínimos, que foi reajustado para R$ 1.518 em 2025.
Esses aumentos salariais geraram forte debate na sociedade, com críticos apontando que os elevados salários dos dirigentes e parlamentares poderiam ser mais bem alocados em áreas prioritárias, como educação, saúde e infraestrutura. A aprovação deste reajuste, especialmente em tempos de dificuldades econômicas e sociais, levantou questões sobre a prioridade que o governo municipal está dando à remuneração de seus servidores em comparação a investimentos em políticas públicas que beneficiem diretamente a população.
A aprovação do reajuste salarial por parte dos vereadores e a subsequente elevação do salário da prefeita Adriane Lopes evidenciam uma clara definição de prioridades no governo municipal, mas o impacto disso na opinião pública ainda está por se revelar. À medida que os cidadãos observam essas mudanças, a pressão por transparência e responsabilidade nas finanças públicas e na gestão dos recursos municipais continua a ser um tema central na discussão política de Campo Grande.
Foto: Reprodução/Redes Sociais
