7 de dezembro de 2025
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Indígena morto em ataque armado é velado em comunidade em Iguatemi

Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá, de 36 anos, foi atingido na cabeça durante ataque à Terra Indígena Iguatemipeguá I; Funai confirma que este é o quarto episódio de violência desde o início de novembro

O corpo do indígena Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá, de 36 anos, morto durante um ataque armado no domingo (16) na Terra Indígena Iguatemipeguá I, em Iguatemi (MS), chegou à comunidade Pyelito Kuê na madrugada desta segunda-feira (17), foi velado desde as primeiras horas da manhãe sepultado no final da tarde.

Vicente deixa esposa e dois filhos. Ele vivia na comunidade há pouco mais de um ano e trabalhava na roça para sustentar a família. Segundo Claudencia Solano Lopes, 36 anos, moradora da comunidade há 17 anos e representante local, o indígena integrava uma retomada que reunia cerca de 40 pessoas. “Tínhamos 12 barracos montados. Após o ataque, 10 foram incendiados. Foi um desespero total”, relatou.

De acordo com informações da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o ataque foi realizado por um grupo de cerca de 20 homens armados, que teriam saído de uma fazenda próxima à área retomada. Eles cercaram o território e dispararam diversas vezes contra os indígenas, resultando em destruição de barracos e pelo menos quatro pessoas feridas.

Vicente foi atingido na cabeça e morreu no local. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), em Ponta Porã, e posteriormente liberado para o velório na aldeia.

A Funai confirmou que este foi o quarto ataque registrado desde o dia 3 de novembro na região, dentro de um contexto de conflito fundiário envolvendo retomadas de territórios Guarani e Kaiowá. Segundo o órgão, oito indígenas já ficaram feridos nesses episódios recentes.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, informou que acompanha o caso e destacou que os ataques “ocorrem em contexto de defesa territorial”, reforçando a importância da demarcação das terras indígenas para conter a escalada da violência.

Um indígena foi preso em flagrante durante as ações, segundo a Polícia Federal, mas o motivo da prisão ainda não foi informado oficialmente.

Equipes da Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal e Funai foram acionadas logo após o ataque. Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Força Nacional mantém presença contínua e patrulhamento ostensivo na região, com o objetivo de prevenir novos conflitos.

Ao chegar à comunidade Pyelito Kuê, as equipes encontraram três vítimas — duas feridas e uma morta. O patrulhamento foi reforçado nas áreas próximas.

Paralelamente, a Polícia Federal também investiga a morte de um trabalhador rural, ocorrida no mesmo dia e na mesma região. A corporação informou que, até o momento, não há confirmação de ligação entre os dois casos.

De acordo com Tonico Benites, coordenador regional da Funai em Ponta Porã, “não houve novos ataques nesta segunda-feira, e os indígenas permanecem na área”.
Foto: Reprodução